Em uma situação de fala em público, já perceberam que o grau de ansiedade modifica o gerenciamento de conteúdo no nosso cérebro? É por isso que normalmente queremos fugir, congelamos, nos confundimos ou até mesmo nos tornamos agressivos. Pense na seguinte situação: você diz a você mesmo – não vou ficar nervoso! O que vem em sua mente? Nervoso, nervoso, nervoso. Isso ocorre pois o cérebro não entende um comando negativo. Nosso cérebro é como um GPS, se nós colocarmos um destino, ele vai nos levar até lá. No entanto, se no meio do caminho mudamos de ideia e alertamos que não queremos ir para o destino traçado, o GPS não vai entender, ele vai ficar recalculando a rota, o que corresponde a nossa voz interna … nervoso, nervoso, nervoso.
Diante deste desafio, é muito importante que no momento da apresentação, nós pensemos no que queremos sentir e não no que não queremos sentir. Vejam os esportistas, eles controlam de várias maneiras as emoções, uma delas é a evocação do estado interno de poder, daquilo que realmente queremos durante uma partida. Alguns jogadores de futebol fazem o sinal da cruz antes de entrar no campo ou depois de um belíssimo gol. Tenistas, tendem a bater a raquete nos pés antes de um saque. Há quem diga que essas pessoas tem TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo, mas sabemos que o que os esportistas usam é um poderoso recurso para concentração e preparação do estado interno.
Vamos citar aqui um exemplo que pode lhe ajudar nas próximas apresentações em público. Por exemplo, ao perceber que você está com o rosto vermelho antes da apresentação, ao invés de você dizer para você mesmo várias vezes em silencio: “nossa que vergonha”, “que calor”, “to quente”, “quero sumir”; diga: “ok, esse é apenas um sinal do meu organismo, me alertando sobre a circulação de adrenalina no meu corpo, isso me coloca em estado de alerta”. Essa simples técnica de mudança de perspectiva e fala interna, irá lhe proporcionar uma sensação de muito mais segurança. Nosso estado interno influencia demais a nós mesmos e, consequentemente, as pessoas com as quais conversamos. Por isso, para fazer com que os outros lembrem o que você disse, amplie o seu universo de comunicação e prepare com bastante antecedência o seu estado interno.
Afinal, nós não temos medo de falar, nós temos medo é de falhar em nossas apresentações.
Fernanda Lobo
Referências:
- Blink A decisão num piscar de Olhos. Gladwell, Malcolm.
- O cérebro que se transforma. Doidge, Norman.
- O poder do hábito Por que Fazemos o que Fazemos na Vida e nos Negócios. Duhigg, Charles.
- Comunicação e Apresentação em Público CAP, ministrado pela Dra. Ingrid Gielow e organizado pelo Centro de Estudos CEV em 20/09/2014.