Como diz um velho ditado: para ser demitido, basta estar empregado e atualmente a demissão ainda é um dos grandes fantasmas dos profissionais, principalmente no momento de crise econômica mundial.
Por meio da minha experiência e atuação em Recursos Humanos, pude constatar que o processo de demissão nas companhias traz mudanças marcantes na vida do profissional que é desligado, principalmente àqueles que dedicaram a maior parte de sua vida para a companhia.
Neste momento, a necessidade de um auxílio é fundamental para que o profissional tome consciência de seu novo momento de vida e reveja sua carreira, além de receber suporte para o equilíbrio emocional à medida que recebe informações reais e valiosas sobre as oportunidades para o novo caminho que será trilhado. Esta é a proposta que o programa de Outplacement oferece.
O Outplacement surgiu nos Estados Unidos, na década de 60, como uma técnica de RH que visava ajudar profissionais dos setores aeroespacial e eletrônico na busca de recolocação profissional, vitimados pelas demissões decorrentes da recessão vivida pelos setores na época. Sua vinda ao Brasil ocorreu no fim dos anos 70 e começo dos anos 80 no intuito de auxiliar as empresas a enfrentar a crise da época, quando muitos executivos perderam seus empregos e o mercado de trabalho tornou-se muito difícil para os demitidos. Esta prática passou a ser utilizada principalmente pelas multinacionais norte americanas e ganhou impulso a partir dos movimentos da globalização e mudança nas relações trabalhistas.
Nestes primórdios, o objetivo era ajudar os profissionais de nível gerencial e de diretoria que buscavam novos empregos. A realidade da época de empregos quase vitalícios era tão grande que não estavam preparados para uma competição no mercado de trabalho que se fazia muito intenso. As oportunidades eram escassas enquanto as empresas reduziam cada vez mais seus custos por meio de downsizing, o que gerou uma nova condição no mercado.
Da mesma forma a área de RH das empresas também não estava preparada para oferecer esse tipo de apoio a estes profissionais, surgindo então consultorias especializadas no apoio aos demitidos. Assim, visando auxiliar o profissional nesse desafio, surge o processo estruturado de Outplacement, cujo objetivo é estudar junto com o profissional a solução para sua carreira, levando em conta o que o mercado oferece, a experiência e o objetivo da pessoa, com o intuito de que vislumbre novas oportunidades e desafios profissionais.
O Outplacement bem conduzido leva a resultados inegavelmente eficazes. É a forma mais adequada e econômica de implantar, com sucesso, projetos de reestruturação sem perdas de motivação e competência. É transformar a demissão numa oportunidade de mudança!
Associado erroneamente a uma mera recolocação, os profissionais que eram desligados por qualquer motivo das empresas começaram a buscar este programa nas consultorias no intuito de se recolocarem no mercado de trabalho. Visando atender esta demanda emergente, os profissionais da área e consultorias especializadas também tiveram que se atualizar. Com isso desenvolveram programas que atuam de forma similar, porém focado no profissional. Estes acompanhamentos individuais levam diversos nomes, mas eu prefiro identificar como um processo de Aconselhamento de Carreira.
Portanto, entender a aplicabilidade do processo de Outplacement e suas vertentes é imprescindível para as organizações e para os profissionais, tendo em vista os momentos de crise enfrentados nestes tempos tão conturbados para a economia.
Pode-se afirmar que o Outplacement veio para ficar. Hoje faz parte da prática de RH das boas organizações também visto como diferencial competitivo, pois oferece suporte na gestão e implantação dos seus processos de reestruturação. Não importa o porte da companhia, cresce a participação do programa na dinâmica das mesmas, à medida que, a administração das empresas se atenta com o lado humano da companhia. Aquelas organizações que se preocupam com seus profissionais também no momento de sua saída certamente merecerão a confiança dos que nela ainda trabalham.
1. MACEDO, Gutemberg B., Outplacement – A Arte e a Ciência da Recolocação – 1993. Op. cit. p.17.